FENOMENOLOGIA E EDUCAÇÃO
OS USOS DA PRIMEIRA E TERCEIRA PESSOA EM TEXTOS CIENTÍFICOS
É preciso, antes de tudo, fazer uma referência histórica acerca do uso da terceira pessoa, na qual, dentro da construção dos textos científicos se optou por tal uso uso ou ainda optando por uma linguagem impessoal. O objetivo implícito (talvez inconsciente) é a busca de uma assepsia de relação dentro de uma ótica de pesquisa entre entre sujeito e objeto(pesquisador e pesquisado). Assim, a ciência predominantemente, utiliza a terceira pessoa, ou ainda, textos de forma impessoal. A necessidade é de expressar na forma textual a busca por uma imparcialidade; evidenciando assim um paradigma científico de imparcialidade. Ou seja, utilizar a terceira pessoa, ou ainda uma forma de escrita mais distante do objeto. Como no exemplo: acredita-se que esse processo pode ser subjetivo.
O uso da impessoalidade textual é compartilhar e reproduzir um modelo/paradigma científico, no qual, sujeito e objeto estão distanciados. Seu uso é comum em todas as ciências, sobretudo, na ciências duras, nas quais, a forma de escrita é totalmente impessoal.
Contudo, a partir do surgimento de movimentos filosóficos como a fenomenologia, pós-estruturalismo e o existencialismo filosófico, este paradigma de assepsia científica foi questionado e ressignificado.
A crença desses movimentos é de que não existe a total imparcialidade diante a um fenômeno, ou objeto. Mesmo com um texto impessoal ou em terceira pessoa, o cientista não deixa de ser impactado/envolvido pelo seu objeto de pesquisa (ou participante).
Existem formas e formas de ser fazer ciência, a ciências exatas estão baseadas num modelo Pós-Galileano de paradigmas científicos(asséptica, imparcialidade, etc..) e de processo de hiper-especialização, no qual não existe um diálogo entre disciplinas, ou áreas de saber, constituindo-se assim, num processo fragmentado e evidenciado por uma mentalidade de independência entre as disciplinas.
Hoje vivemos num momento de modelos ciência co-existindo com o existencialismo/fenomenologia, bem como de perspectivas pós-modernas ou pós-estruturais, que questionam completamente qualquer modelo e que acreditam numa relação e ligação "caótica" entre sujeito e objeto.
Dentro de nossa perspectiva conceitual, não existe uma assepsia na ciência, mas a total inter-relação, interligação e diálogo entre saberes entre pesquisador e sua pesquisa.
As diferentes formas de denominar esta relação (o EU e o OUTRO / Sujeito e Objeto/ Pesquisador e participante/ Atores sociais etc) só evidenciam a influência filosófica, ou metodológica de cada um.
Assim, se enxergamos a primeira pessoa num texto científico(EU) é fundamental compreender que ali reside uma finalidade nesta escolha, bem como toda uma relação psico-filosófica que se pretende manter com o leitor.
Não existe uma forma científica (ou não científica) de se escrever no que tange a preferência de linguagem; tudo depende do método de pesquisa que utilizado, bem como de sua flexibilidade teórica. Falamos de uma individualidade dentro de uma subjetividade universal de tendências.
É preciso deixar claro, que cada método deve cumprir a mesma ética e rigor científico, com intuito de uma ciência para (com/pró) humanidade. Nesse sentido, é fundamental que a ciência caminhe lado a lado com a ética e o bem estar de todos numa relação de ecologia do saber.
Para uma melhor compreensão de como surgem essas idéias é preciso mergulhar na filosofia e na história da metodologia científica.
Mas isso é uma história para um outro momento, mas não aqui, nem agora.
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